4 de fevereiro de 2012

Instinto vs Especialistas

Então, tá. A gente lê, pesquisa, se informa, pergunta, pondera e decide sobre a melhor forma de criar nossos filhos. Será que estamos fazendo a coisa certa? O que optamos oferecer aos nossos filhos é diferente do que as outras mães escolheram. Estarão elas erradas?

Você talvez pense assim: "eu estou fazendo a coisa certa pois escuto sempre o pediatra e especialistas no assunto". Será que eles estão certos? Será que as pesquisas são incontestáveis? 

Eis o que diz o pediatra Dr. Carlos González
"...é possível que uma sociedade inteira faça com os filhos coisas que os prejudicam sem se dar conta disso, convencida de que está a fazer tudo na perfeição. A história europeia recente proporciona-nos inúmeros exemplos de erros amplamente defendidos entre médicos e educadores: houve uma época em que se enrolavam os bebês como múmias, com faixas apertadas da cabeça aos pés, ou em que se castigavam as crianças que tentavam escrever com a mão esquerda. Somos de tal modo arrogantes que pensamos que agora, precisamente agora, estamos a fazer tudo bem? Não estaremos a acreditar em alguma coisa, fazendo ou dando importância a alguma coisa que, dentro de cem anos, provoque o pasmo, a estupefacção ou o riso dos nossos bisnetos?"

Já conversei com duas senhoras, desconhecidas entre si, que disseram terem criados os filhos dessa forma, impedindo que engatinhassem, envolvendo-os como múmias, seguindo orientação do pediatra. 

Minha mãe teve sorte por encontrar um pediatra que há 30 anos atrás já orientava minha mãe sobre coisas que somente hoje estão sendo amplamente divulgadas como a amamentação exclusiva e a forma certa de amamentar. Ele já tinha conhecimento até das curvas de crescimento diferenciadas para crianças amamentadas no peito e na mamadeira. Coisa que muitos pediatras atualmente não usam e continuam querendo que o leite artificial e o materno tenham o mesmo resultado no desenvolvimento dos bebês. Conclusão: afirmam que o leite materno é fraco. E veja só: eles são os especialistas!

Então olhamos estupefatos para o passado, só que eu  fico me perguntando: o que será que minha filha descobrirá ser um absurdo quando chegar a vez dela de ser mãe?

"Antigamente, um hábito espalhava-se mais rapidamente quando defendido por feiticeiros ou médicos; atualmente, pode ser mais útil vender muitos livros ou aparecer na televisão. 
(...)
Deste modo, convivem métodos de criar crianças muito diferentes. Há pais que dormem com os filhos, outros instalam-nos num quarto separado. Uns pegam-nos ao colo quase a toda a hora, outros deixam-nos no berço, mesmo se chorarem. Uns toleram pacientemente as traquinices e exigências das crianças pequenas, outros tentam corrigi-Ias com castigos severos. Cada um deles está certamente convencido de que está a fazer o melhor para os filhos, de contrário não o faria! Todavia, seja o que for que tenhamos aprendido, lido, visto, ouvido, acreditado ou recusado ao longo da nossa vida, os nossos filhos nascem todos iguais. Nascem sem terem visto, ouvido, lido, acreditado ou recusado seja o que for. No momento de nascer, as suas expectativas não vêm marcadas pela evolução cultural, mas pela evolução natural, pela força dos genes.
A forma como os bebés se comportam espontaneamente, a forma como esperam ser tratados, a forma como reagem às diferentes maneiras como são tratados não mudou em dezenas de milhares de anos. Se queremos compreender por que razão as crianças são como são, temos de recuar muitos milénios e observar como nos habituámos ao nosso ambiente evolutivo."

Precisamos redescobrir a forma mais natural e saudável de criar nossos filhos. Não saberemos nunca se fizemos a opção certa e, portanto, evito julgar outras mães.  Alguns comportamentos me incomodam, como estimular a agressividade para ensinar as crianças a se defenderem, outros comportamentos eu admiro, como a cama compartilhada. Não aplico nenhum dos dois métodos na vida da minha filha, mas estou aprendendo a respeitar aqueles que não concordo.

Quem sou eu para saber tudo? Por outro lado, prefiro errar seguindo meu instinto do que seguindo um especialista qualquer, e o meu instinto me diz um monte de coisas que vocês lerão sempre aqui no meu blog.

E boa sorte para todas nós.


2 comentários:

  1. Maravilhoso Cris!Muito show essa matéria e a sua conclusão!

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  2. Conheci o blog ontem e estou adorando! Acho que cada mãe deve procurar se informar o máximo possível e seguir seu instinto na hora de escolher as opções que ela considera melhores para seu filho!

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